O que é um ataque de pânico?

Nove respostas para entender momentos de mal-estar profundo e “medo de morrer”

Coração acelerado, tonturas, suor, náuseas, sensação de estar prestes a morrer.

Nove perguntas e respostas sobre uma experiência de medo e mal-estar profundamente perturbadora.

1 – O que é um ataque de pânico?

É um episódio de medo extremo e muito intenso, com sintomas físicos e emocionais de curta duração, que surge de forma súbita e espontânea. Umas vezes acontece em situações de maior ansiedade, noutras, em momentos em que não há uma causa aparente, podendo mesmo surgir durante o sono. Às vezes são também chamados de “picos de ansiedade” ou “crises de ansiedade”.

2 – Então qual é a diferença entre sentir ansiedade e ter um ataque de pânico?

A ansiedade, que descrevemos muitas vezes com a expressão “estar nervoso”, é uma reação normal — e por vezes até benéfica em momentos importantes —, ajudando-nos a lidar com o inesperado ou com o perigo. Os ataques de pânico, pelo contrário, são uma resposta exagerada do corpo ao medo e provocam sintomas muito intensos, grande sofrimento e disfuncionalidade. “A diferença entre ansiedade e um ataque de pânico está na intensidade dos sintomas, na duração e na imprevisibilidade da sua ocorrência”, resume a psicóloga clínica e psicoterapeuta Márcia Gonçalves.

3 – Quais são os sintomas de um ataque de pânico?

Aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, falta de ar, tremores, náuseas, suor excessivo, dores no peito ou de barriga, tonturas, sensação de desmaio e dificuldade em engolir. Estes são alguns dos sintomas mais frequentes, que surgem de forma repentina e causam um mal-estar violento. Estes sintomas, explica a psicóloga, são geralmente acompanhados de “medo de perder o controlo, enlouquecer, desmaiar e morrer”. Estes episódios duram habitualmente cinco a vinte minutos.

4 – Pode-se morrer com um ataque de pânico?

Não. Apesar de ser uma experiência muito intensa e assustadora, que pode incluir a sensação de que se está a morrer, trata-se de um falso alarme: o ataque de pânico, por si, não é fatal.

No entanto, há situações em que a pessoa se pode magoar por causa dos sintomas. Se estiver a conduzir, por exemplo, deve parar o carro em segurança, para evitar um acidente. Quando está em pé e surge a sensação de estar zonzo, recomenda-se que a pessoa se deite ou sente num sítio seguro para evitar magoar-se em caso de desmaio e queda.

5 – Qual é a diferença entre ter ataques de pânico e ter uma perturbação de pânico?

O ataque de pânico é frequentemente um episódio único ou esporádico. Aliás, estima-se que cerca de 30% das pessoas tenha pelo menos um ao longo da vida. Já a perturbação do pânico — que é um de vários tipos de perturbação da ansiedade — “manifesta-se através de ataques de pânico recorrentes, habitualmente acompanhados do medo ou preocupação excessiva relativamente ao surgimento de futuros episódios”, diz a psicóloga clínica.

Acontece então que a pessoa é dominada pelo que se designa de “medo de ter medo” e começa a modificar o comportamento, evitando espaços públicos, situações sociais ou apenas sair de casa. “Compromete seriamente a qualidade de vida, nomeadamente, a nível pessoal, social, académico e/ou profissional, uma vez que os sintomas são bastante intensos e limitadores”, diz Márcia Gonçalves.

Em muitos casos a perturbação de pânico evolui para uma fobia, chamada agorafobia, definida pelo medo de sair de casa, de entrar em lojas, de estar no meio de multidões, espaços abertos ou locais públicos. A perturbação do pânico também está associada à depressão.

6 – O que se sabe sobre a causa dos ataques de pânico?

Há vários agentes que podem contribuir para os ataques de pânico, como fatores genéticos, o funcionamento de algumas áreas cerebrais , o tipo de personalidade da pessoa, a exposição a stress intenso, traumas ou abuso de substâncias.

7 – O que fazer perante um ataque de pânico?

A psicóloga Márcia Gonçalves indica algumas estratégias que podem ser usadas:

  • Respirar profundamente, inspirando lentamente pelo nariz e expirando suavemente pela boca;
  • Beber um pouco de água;
  • Imaginar que se está num lugar seguro e sereno ou relembrar episódios positivos em que se sentiu tranquilidade;
  • Concentrar o olhar num objeto e observar as suas características, nomeadamente cor, tamanho e textura;
  • Repetir para si próprio que não existe qualquer perigo e que o episódio vai passar;

Se estas estratégias não resultarem, poderá contactar alguém com quem se sinta seguro e o possa ajudar a acalmar. Preferencialmente, a pessoa não deve ir para casa, porque ficará com a sensação que a crise desapareceu por essa razão quando, na verdade, os sintomas desapareceriam de qualquer modo.

Quem está presente nestes momentos pode dar suporte lembrando e ajudado a implementar todas estas estratégias.

8 – O que se deve fazer depois do primeiro?

Depois do primeiro ataque de pânico, uma grande parte das pessoas procura ajuda médica e essa é uma decisão sensata. Sintomas exuberantes devem ser avaliados por um clínico, que geralmente verifica a oxigenação do sangue, prescreve um electrocardiograma e algumas análises, para descartar problemas respiratórios, cardíacos, disfunções da tiróide ou alterações dos níveis de açúcar no sangue — situações que podem causar sintomas semelhantes.

Márcia Gonçalves refere que recebe cada vez mais pessoas que identificam os sintomas como ansiedade e optam logo pela consulta de psicologia. “Mas se não foi efetuada a avaliação médica, sugiro que os pacientes a realizem antes da minha intervenção”, reforça.

9 – Como se tratam os ataques de pânico?

O tratamento passa pela psicoterapia — que ajuda a pessoa a lidar com os pensamentos negativos acerca das sensações corporais que tem, quebrando o ciclo de repetição — e/ou pela medicação que controla os sintomas, sendo que podem ser usados medicamentos ansiolíticos (as benzodiazepinas) e/ou alguns antidepressivos.

AUTORA

Dr.ª Márcia Gonçalves

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde.
Especialista em Psicologia da Educação.
Especialista Avançada em Psicoterapia.
Especialista Avançada em Neuropsicologia.

(Especialidades atribuídas pela Ordem dos Psicólogos Portugueses)

AUTORA

Dr.ª Márcia Gonçalves 

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde.
Especialista em Psicologia da Educação.
Especialista Avançada em Psicoterapia.
Especialista Avançada em Neuropsicologia.
(Especialidades atribuídas pela Ordem dos Psicólogos Portugueses)