PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE SOCIAL

A ansiedade social é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno psicológico. As pesquisas indicam que entre 4 e 12% de pessoas vão apresentar transtorno de ansiedade social em algum momento de suas vidas.

Esta perturbação aparece, geralmente durante a adolescência e prolonga-se, em muitos casos, por toda a vida, se não houver intervenção. Os estudos indicam que é mais frequente em mulheres do que em homens.

A perturbação é caracterizada por ansiedade clinicamente significativa, provocada pela exposição a determinados tipos de situações sociais ou de desempenho, que frequentemente conduzem ao comportamento de evitamento.

Verifica-se um medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais assim como de desempenho em que o sujeito está exposto a pessoas desconhecidas ou à possível observação de outras. Receia poder comportar-se ou evidenciar sinais de ansiedade e de agir de modo humilhante ou embaraçador.

A exposição às situações receadas, provocam na maior parte das vezes ansiedade, e podem assumir a forma de um ataque de pânico situacional.

Estas situações, são evitadas ou enfrentadas, com bastante ansiedade, mal-estar, sofrimento. A pessoa reconhece, que o seu medo é excessivo ou irracional.

A antecipação ansiosa e o evitamento nas situações referidas, interferem significativamente, com as rotinas normais da pessoa, nomeadamente nos relacionamentos ou atividades sociais, e no seu funcionamento ocupacional ou académico.   Nos indivíduos com menos de 18 anos, a duração dos sintomas deverá ser de 6 meses, para que seja possível fazer este diagnostico.

Os ansiosos fóbicos, acreditam, que as suas ações são sempre inadequadas e preocupam-se de modo exagerado com seu comportamento e com a possibilidade da sua ansiedade se tornar evidente.

Os sintomas de ansiedade podem incluir palpitações, corar, transpiração excessiva, voz trêmula, ritmo cardíaco acelerado, tonturas, sensação de desmaio, dificuldade em respirar, visão turva, mãos e pernas trémulas, pernas e boca seca, dificuldade em falar, gaguez, vomitar em situações de stress, tensão muscular excessiva, etc. Perdem facilmente a linha de pensamento, e muitas vezes são incapazes de encontrar as palavras adequadas para se expressar.

Sentem-se extremamente ansiosos e inseguros, em qualquer situação onde imaginam que serão avaliados e a sua timidez descoberta. A ansiedade antecipatória, desenvolve-se, uma vez que o medo de se sentir desconfortável nas situações vai aumentando. O indivíduo, evita, o contacto visual, fala o menos possível e muito depressa, planeia e ensaia tudo o que vai dizer, e não fala sobre si próprio.

As crenças devem-se, muitas vezes, a experiências, que no passado foram traumáticas, como por exemplo o Bullying na escola, agressões significativas na infância e adolescência, e as críticas e pressões dos pais e educadores durante o seu desenvolvimento.

As situações sociais temidas, podem ser variadas, como apresentar-se e falar em público, ir a festas, reuniões socias, apresentar trabalhos na escola ou no local de trabalho, escrever em frente aos outros, falar ao telefone, comer e/ou beber em locais públicos, ir a casa de banho publica, entrar em lugares cheios, evento sociais, entrevistas de emprego, encontrar um conhecido na rua, etc.

A timidez exagerada é identificada quando é exposto a uma situação social, como por exemplo falar com pessoas, fazer perguntas, ou olhar para alguém por quem se tem interesse. Evita qualquer situação onde se sinta avaliado ou julgado pelos outros, e esconde-se em si mesmo.

A ansiedade social, dificulta a aproximação e o conhecimento de outras pessoas.

Os relacionamentos, de um modo geral estão condicionados, quer seja com estranhos, conhecidos, familiares (neste caso pode ser mais fácil de lidar, mas nem sempre acontece), ou significativos.

São várias as situações do dia-a-dia, em que a ansiedade social se manifesta, nomeadamente, quando um vizinho cumprimenta, e considera que o correto seria retribuir, mas o que acontece, na realidade, é tentar simular que não o

viu. Dirigir-se a alguém, na rua, para pedir informações ou fazer uma conversa simples, constitui-se um problema significativo e difícil de ultrapassar.

Conhecer pessoas novas e marcar encontros, é para os ansiosos sociais, uma barreira quase intransponível.

Apresenta, também, dificuldades nos relacionamentos com os companheiros que são bastante sociáveis, e que pretendem continuar a conviver com os seus amigos, e de alguma forma veem-se privados, desse contacto, pelo facto do outro ser ansioso social.

Estes receios, podem interferir na escolha de um curso e de uma profissão, assim como, de um emprego. Tem igualmente, impacto no desempenho escolar e académico e no trabalho, e em qualquer outra atividade que implique ser avaliado e relacionar-se com os outros.

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

A ansiedade social, é sem dúvida, de entre os vários problemas relacionados com ansiedade, o que menos é abordado e também o mais negligenciado.

O seu diagnóstico vai depender necessariamente de uma avaliação cuidadosa dos sintomas e sinais característicos desta perturbação, assim como de um diagnóstico diferencial minucioso.

A avaliação clínica da ansiedade social deve ser estruturada, e considerar os sintomas cognitivos, emocionais, comportamentais, e fisiológicos do indivíduo. Na avaliação, deve ter-se em atenção, também, a gravidade do problema, isto é, o grau em que é incapacitante no seu dia-a-dia.

Importa realizar, uma recolha detalhada da informação sobre o problema (história pessoal, início do problema, como se desenvolveram os padrões de comportamento e o seu funcionamento social atual), nomeadamente, as suas limitações.

A procura da consulta de Psicologia Clínica, pelos ansiosos sociais, é mascarada muitas vezes, com um pedido de apoio para o tratamento da Depressão ou Ansiedade.

A ansiedade social, causa sofrimento e/ou prejuízos ao nível pessoal, social, profissional e até financeiros. É um estado extremamente limitante, e pode conduzir, à depressão profunda, desenvolvendo no indivíduo uma necessidade enorme de se afastar do contacto social, podendo leva-lo, desta forma, ao isolamento total.

INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA

Os indivíduos com ansiedade social apresentam, perante as várias situações mencionadas, um conjunto de sintomas característicos, que podem ser divididos em três categorias: cognitivos (pensamentos), somáticos (sintomas físicos) e comportamentais (o que faz ou evita).

No sentido de obter, uma compreensão clara da condição de fobia social, a escolha de estratégias terapêuticas eficazes, passa necessariamente por uma avaliação detalhada e cuidadosa da problemática no indivíduo.

A maioria dos estudos publicados, e cujos resultados de tratamento foram avaliados, são intervenções de natureza cognitiva ou comportamental.

A Psicoterapia e/ou tratamento farmacológico, é indicado para a Ansiedade Social.

Há ainda um longo caminho a percorrer, na procura de tratamentos mais eficazes, para a ansiedade social, no entanto não foram poucos os progressos obtidos, nos últimos anos.

A divulgação da informação acerca da perturbação, através dos profissionais de saúde, assim como os avanços, relativamente as opções farmacológicas e psicoterapêuticas, constituem sinais de que os fóbicos sociais terão, outro apoio e ferramentas, para ultrapassarem as suas dificuldades.

Artigo | Revista Insights | 2013

AUTORA

Dr.ª Márcia Gonçalves

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde.
Especialista em Psicologia da Educação.
Especialista Avançada em Psicoterapia.
Especialista Avançada em Neuropsicologia.

(Especialidades atribuídas pela Ordem dos Psicólogos Portugueses)

AUTORA

Dr.ª Márcia Gonçalves 

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde.
Especialista em Psicologia da Educação.
Especialista Avançada em Psicoterapia.
Especialista Avançada em Neuropsicologia.
(Especialidades atribuídas pela Ordem dos Psicólogos Portugueses)