COMO AGIR QUANDO O SEU FILHO RESOLVE FAZER UMA BIRRA?

Desde muito cedo que as crianças procuram testar os limites daqueles que as rodeiam. ​

Como agir quando o seu filho resolve fazer uma birra?

Procure distraí-lo: leve consigo um brinquedo

Estratégias para lidar com as birras das crianças: procure distraí-la.

Quando acontecem os primeiros sinais ou momentos de birras a estratégia ideal é pegar ao colo e faze-la rir, divertindo-a com palhaçadas.

Desvie o foco da criança, através algo diferente, dependendo do local onde se encontra, eventualmente apontando para um avião, um cão, um brinquedo, etc.

É fundamental, usar a criatividade!

Estratégias para lidar com as birras das crianças: sono, fome ou necessidade de carinho

Por detrás de uma birra poderá estar uma criança com sono, fome, ou com necessidade de um carinho. Se assim for, responda com serenidade e seja afetuoso. Não são poucas as vezes em que essa atitude é suficiente para que a birra pare.

Leve consigo um brinquedo

Sempre que possível, antes de sair de casa com os seus filhos, previna-se de possíveis contratempos, leve um brinquedo de que ele goste bastante, de modo a manter-se ocupado durante o espaço de tempo em que faz as suas compras.

Não valorize a birra

Estratégias para lidar com as birras das crianças: não valorize a birra

Se a tentativa de distração não resultar, não valorize a birra. Se está numa loja ou supermercado e o seu filho lhe pedir algo, e inicia uma birra, não deve dar atenção ao sucedido.

Continue as suas compras sem atribuir qualquer importância ao que está a acontecer. A criança entende que não vai cumprir o seu objetivo e para de chorar.

Importa que o seu filho perceba que não se sente, minimamente constrangido/a perante as outras pessoas, com a birra que ele está a fazer. 

Não se exalte nem perca o autocontrolo

Estratégias para lidar com as birras das crianças: autocontrolo

Não se exalte

No momento em que a birra está a acontecer, não se manifeste e afaste-se um pouco do seu filho.

Procure não se exaltar, se o fizer não vai obter resultados a longo prazo.

Aguarde que ele se aproxime de si, e aí sim, poderá perguntar-lhe serenamente se está tudo superado.

Não perca o autocontrolo

O autocontrole dos pais é fundamental. Não devem perder o controlo sobre a situação. Quando o fazem, as crianças assustam-se e a birra intensifica-se, assim como a sua duração.

Diga ao seu filho que só conversará com ele depois de se acalmar. Falar apenas resulta se estiver sereno para que consiga ouvir. Não se esqueça que os pais, nesta altura, também deverão estar calmos.

Converse sobre o sucedido

Estratégias para lidar com as birras das crianças: converse sobre o sucedido

Converse com o seu filho após chegarem a casa. A conversa deverá ser, obviamente, adaptada a sua idade.

Mostrar que o que fez, ou seja, que aquele tipo de atitude, nunca resultará porque os pais não cedem a qualquer birra, é um modo funcional de evitar que o episódio se repita.

O tom de voz utilizado deverá ser firme, contudo, o afeto pode e deve estar presente, nomeadamente, pegando ao colo enquanto explica o porquê da decisão tomada pelos pais naquela situação concreta.

Não se esqueça, não ceda a qualquer tentativa de manipulação.

Firmeza sim, autoritarismo não

Estratégias para lidar com as birras das crianças: firmeza sim, autoritarismo não

Importa mencionar que firmeza não implica utilizar gritos, palmadas e outras semelhantes.

Gritar com os filhos, nomeadamente, em centros comerciais, supermercados ou lojas, não é de modo algum eficaz para ultrapassar as birras manifestadas.

Ameaçar ou bater não é útil, muito menos, à frente de outras pessoas, apenas o fará sentir-se humilhado. Comentários, como por exemplo: ”és um mariquinhas”, “bebe chorão”, confere um ataque a auto estima da criança, conduzindo a mais problemas do que resultados positivos.

Existe alguma confusão relativamente aos conceitos de firmeza e autoritarismo. Estes apresentam diferentes significados, e quando aplicados revelam resultados distintos. Enquanto as práticas parentais orientadas para a definição de regras, e cumprimento das mesmas resultam, as que implicam autoritarismo não.

Crianças reproduzem os modelos dos pais ou educadores

É essencial, não esquecer que as crianças imitam os modelos que veem em casa. Se, eventualmente, os pais apresentarem um comportamento impulsivo ou agressivo, quando chegam a casa, nomeadamente, cansados ou aborrecidos, as crianças poderão reproduzir este comportamento.

Comportamentos e consequências

Estratégias para lidar com as birras das crianças: comportamentos e consequências

Os pais deverão definir regras claras para que as crianças sejam capazes de se orientarem.

As crianças necessitam compreender que os seus comportamentos têm consequências.

Quando os pais decidem algum tipo de punição, esta deverá depender, obviamente, da sua idade. Se optarem pelo “castigo”, é aconselhável, não mais de um minuto por cada ano de idade, uma vez que, para uma criança de dois anos, por exemplo, estar dois minutos quieta e sentada é uma eternidade.

O “Time out” é uma estratégia utilizada, que tem como objetivo, acalmar a criança e acalmar-se a si também.

Retira-se a criança do local do episódio e levamo-la para um outro lugar onde seja possível estar sentada mas sem qualquer distração.

Aqui é-lhe dito que permanecerá naquele local durante alguns minutos até se acalmar e que não tem permissão para sair enquanto não lhe for autorizado. O “time-out” é uma técnica e não um castigo. Tem como finalidade ajudar a criança acalmar-se, controlar-se internamente, reorganizar-se emocionalmente e pensar no que fez.

Durante este processo, não poderá dar-lhe qualquer atenção nem explicação, de modo a que a estratégia seja eficaz.

Gestão da frustração

Estratégias para lidar com as birras das crianças: gestão da frustração

Antes dos dois anos, a criança deverá ouvir a palavra “ Não” perante um desejo seu, que não seja apropriado.

É fundamental que comece a criar mecanismos de gestão do conflito, e de resolução do “não”.

Se, eventualmente, as crianças não foram contrariadas e continuarem a ser mimadas e super protegidas, em adultos, serão muito inseguros, e com imensa dificuldade no processo de tomada de decisão, procurando sempre apoio.

Outras características poderão ser desenvolvidas, aquando da má gestão da frustração, nomeadamente, as obsessões e agressividade.

Promoção da autonomia

Estratégias para lidar com as birras das crianças: promoção da autonomia

Paralelamente, é essencial, que os pais promovam na criança a capacidade de expressar o que necessitam de forma objetiva e clara. Assim, a birra não aparecerá com tanta facilidade, uma vez que deste modo, gere melhor a sua frustração perante algo.

Uma estratégia eficaz na promoção da autonomia é o encorajamento às tomadas de decisão, nomeadamente, quando há um incentivo a escolha da roupa que pretendem vestir. No final deverão elogiar as suas escolhas.

Importa, também, para finalizar referir que o reforço positivo é muito mais eficaz do que os “castigos”.

E que nem todas as situações merecem punição, nem chamadas de atenção. Ignorar a birra, simplesmente, pode dar bons resultados.

Intervenção Psicológica

Estratégias para lidar com as birras das crianças: intervenção Psicológica

A determinada altura, os pais poderão sentir-se cansados, desesperançosos e concluem que sem apoio profissional dificilmente conseguirão ultrapassar as dificuldades manifestadas pela criança.

Se assim for, não hesitem em procurar ajuda através de um Psicólogo Clínico especializado.

Desistir, nunca!

Desde muito cedo que as crianças procuram testar os limites daqueles que as rodeiam. O que é facto, é que encontramos pais e educadores com atitudes firmes e outros em que o estilo educativo permissivo lidera.

Perante as atitudes de pais ou educadores, as crianças percebem rapidamente se têm ou não espaço para agir, e assim, identificam facilmente as cedências que se vão seguir nas birras.

É cada vez mais evidente, a dificuldade que os pais manifestam na distinção do que representa uma postura firme e outra autoritária. Na minha prática clínica, observo pais, que revelam dificuldades em assumir posições firmes perante comportamentos desadequados dos seus filhos, pelo receio que possa advir daí alguma consequência psicológica e que estes deixem de os amar.

As crianças necessitam de limites razoáveis, regras claras e consistentes. Um adulto feliz terá sido, necessariamente, uma criança que cresceu com regras.

Pais e educadores podem tomar uma atitude capaz de melhorar a situação quando as crianças não sabem lidar com o “Não”.

Existem dois fatores que contribuem, igualmente, para as cedências que os pais fazem, durante as birras: a culpa e a falta de paciência para procurar a melhor estratégia no sentido de resolver a situação.

Acontece que, em vários momentos cruciais, os pais não valorizarem a birra e, assim, a criança desenvolve um comportamento autoritário.

É fundamental que as crianças entendam que não conseguem sempre o que desejam, nem tão pouco sempre que lhes apetece mesmo que insistam com os pais.

Os pais, habitualmente, têm um comportamento bastante condescendente com os filhos. A determinada altura zangam-se, mas vencidos pelo cansaço, voltam a ceder. Perante a inconstância e incoerência das regras aplicadas, os filhos tornam-se mais teimosos, e como tal, com mais predisposição para birras.

Artigo | Site Mãe-Me-Quer | 2014

AUTORA

Dr.ª Márcia Gonçalves

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde.
Especialista em Psicologia da Educação.
Especialista Avançada em Psicoterapia.
Especialista Avançada em Neuropsicologia.

(Especialidades atribuídas pela Ordem dos Psicólogos Portugueses)

AUTORA

Dr.ª Márcia Gonçalves 

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde.
Especialista em Psicologia da Educação.
Especialista Avançada em Psicoterapia.
Especialista Avançada em Neuropsicologia.
(Especialidades atribuídas pela Ordem dos Psicólogos Portugueses)